quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ENADE - QUESTÃO 21 - Conteúdo avaliado: Ensino da redação ontem e hoje * Autora: Marisa Magnus Smith

QUESTÃO 21

Desde o final da década de 1970, começou um forte questionamento sobre a validade do ensino 
da redação como um mero exercício escolar, cujos objetivos principais seriam observar e apontar, 
através de uma correção quase estritamente gramatical, os “erros” cometidos pelos alunos. (...) Os 
alunos exercitariam uma forma escrita que raramente dialoga com outros textos e com vários leitores.
BUNZEN, C. Da era da composição à era dos gêneros: reflexões sobre o ensino de 
produção de texto no ensino médio.I In BUNZEN, C., MENDONÇA, M. (Orgs.). Português 
no ensino médio e a formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 147.
Considerando o texto acima e a prática de redação em ambiente escolar, assinale a opção correta.
A. A moderna pedagogia linguística recomenda a prática da redação como estratégia de avaliação.
B. A redação escolar tem mantido identidade com outros gêneros textuais divulgados na escola.
C. É salutar que a produção de textos na escola abranja outras esferas da comunicação humana.
D. Nas produções de textos escolares, a função referencial da linguagem deve sempre ser 
priorizada como propósito comunicativo.
E. A redação escolar deve ser um exercício de escrita direcionado ao professor leitor.


* Gabarito: C
* Tipo de questão: Escolha simples, com indicação da alternativa correta
* Conteúdo avaliado: Ensino da redação ontem e hoje
* Autora: Marisa Magnus Smith 
Comentário:
O tema abordado nesta questão é indispensável em um exame para futuros professores 
de Letras. Há décadas, já, entende-se que o exercício da escrita – ao lado das demais atividades 
comunicativas básica: ler, ouvir, falar – deve ser o fundamento de toda pedagogia relacionada ao 
ensino de línguas. Além disso, o tratamento dado pelo professor aos textos dos alunos também é de 
suma importância e traz para o estudante, em sua relação com a escrita, repercussões cognitivas, 
afetivas, sociais e culturais, entre outras.
O texto-base da questão refere-se exatamente a este tratamento, lembrando que até os últimos 
anos da década 1970 o texto elaborado em aula era considerado sobretudo como exercício escolar, 
ao qual se aplicava uma correção gramatical, privilegiando o modelo formal e desconsiderando-se as 
múltiplas variações que a língua em uso possibilita produzir.

Trata-se de um texto, como se disse, que se relaciona a um momento específico do passado.
Quanto ao enunciado, esse associa o texto que o precede à “prática de redação em ambiente 
escolar”, sem elucidar em que condições ela deve ser considerada. Até aí, portanto, o estudante 
conta com as informações do texto-base e com um problema que ele não identifica exatamente qual 
é – o que contraria uma regra básica na elaboração de itens objetivos de avaliação que já MARELIM 
VIANNA, em 1976, postulava: o enunciado deve conter todas as informações necessárias para a 
resolução do problema. 
Essas informações somente serão elucidadas nas alternativas, como se observa na análise a seguir:
A) Esta alternativa será descartada como incorreta SE o estudante perceber, nas entrelinhas 
do texto-base, uma crítica ao modelo de ensino vigente até o final da década de 1970, com base 
em seu conhecimento de mundo e nas modernas teorias de ensino de redação que viu no curso de 
letras e SE atentar para as marcas discursivas do texto, tais como “mero exercício escolar”, “correção 
estritamente gramatical”, “’erros´ cometidos pelos alunos”. Feito isso, ele perceberá a contradição 
entre “moderna pedagogia linguística” (ou seja, distante daquela de 1970) e “redação como estratégia 
de avaliação” (a praticada em 1970).
B) Nesta afirmativa, encontramos problemas, decorrentes das expressões “tem mantido”, 
“identidade” e “gêneros textuais divulgados na escola”. A primeira não delimita um período de tempo, 
podendo se estender à década de 1970 ou não. A segunda é ambígua: o que significa “manter a 
identidade”? Já a terceira permite várias leituras: refere-se a gêneros variados, que são adequadamente 
explorados no âmbito da escola, aí incluídas as aulas de redação? Neste caso, “manter a identidade” 
pode expressar a ideia de que a redação escolar venha sendo praticada a partir da leitura de vários 
gêneros! Mas também poderia se tratar de “gêneros escolares”, tantas vezes criticados por serem 
apenas escritos na/para a escola, e não servirem para a vida... Complicado, portanto, decidir pelo 
acerto ou erro da afirmativa.
C) Esta parece ser a mais adequada, porque permite entender “outras esferas da comunicação 
humana” como espaços de circulação de textos de diferentes gêneros.
D) A palavra “sempre” – que contraria básicas orientações para elaboração de questões objetivas 
– já sinaliza que a afirmativa está equivocada. O que se questiona, aqui, é a pertinência de incluir o 
conteúdo “função referencial da linguagem” – um tanto incompatível com o contexto da questão, já que 
não se relaciona com o texto, tampouco com o enunciado e, muito menos, com as alternativas.

E) Quanto a esta afirmativa, concordamos com a ideia de que a redação escolar deva ser 
um exercício de escrita (não um “exercício escolar”) e que, como todo texto, deve ter em mente um 
leitor – real ou presumido. O “professor leitor” será o primeiro e imediato leitor – mesmo que o texto 
elaborado em aula simule ter outro objetivo ou função, como um artigo para jornal, uma resenha, 
um texto publicitário, por exemplo. Portanto, entendemos que a afirmativa de (E) não pode ser 
considerada como inteiramente errada.
Em conclusão, retoma-se a ideia primeira: o tema é fundamental para o Exame; a abordagem, 
porém, deixa a desejar.

Referência:

VIANNA, H. Marelim. Testes em educação. São Paulo: IBRASA; Rio de Janeiro: FENAME, 1976.

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