sábado, 6 de novembro de 2010

Discutindo a Escola

“O diálogo é o momento em que os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e a refazem.” Paulo Freire


Não é de hoje que o interesse da sociedade por saber o que se passa entre os muros a escola inspira o cinema. Afinal, quem de nós enquanto responsáveis, alunos, professores (ou aprendizes de) nunca teve o desejo de ter uma câmera que, invisível, registrasse o dia a dia de sala de aula, com suas conquistas? Foi o que fizeram os diretores de filmes como ENTRE OS MUROS DA ESCOLA, PRO DIA NASCER FELIZ e o recém lançado WAITING FOR SUPERMAN, este último retrato da realidade das escolas Norte Americanas.
Em “Entre os muros da escola”, de Laurent Cantet (França, 2007), a história real de um professor parisiense é retratada com requintes de documentário: em uma escola em que os professores tem de lidar com aprendizes das mais diversas culturas, acompanhamos os eventos de um ano letivo não muito diferente das escolas brasileiras.
Já no documentário “Pro dia nascer feliz” (Brasil, 2006), do diretor João Jardim, alunos com realidades econômicas bem distintas, de instituições públicas e particulares brasileiras são entrevistados e tem suas histórias, experiências, angústias e sonhos relatados de uma forma brilhante e comovente.
Mais recente ainda, o polêmico "Waiting for superman", de Davis Guggenheim (EUA, 2010),  tem não apenas despertado a atenção como comovido do público. No filme, a luta de pais desesperados por oferecer uma escola de qualidade para seus filhos (num sistema que acaba deixando muitos à margem) e de educadores como Geoffrey Canada, que trabalha com educação em áreas de risco é exposta sem retoques.
É interessante notar que os problemas que assolam a instituição escola são pertinentes a nossa época e ocorrem no mundo todo. O que chama atenção neste filme é que, diante da “Ferida exposta”, a sociedade tem se mobilizado para tratá-la. Waiting for Superman tem sido chamado de “o filme que pode mudar a situação” da educação nos EUA. E não é para menos: grandes empresas e mesmo a população tem se manifestado publicamente a fim de fazer algo. E discutir a situação de maneira consciente, a partir da simples premissa de que nenhum super-homem virá mudar a situação se cada um não fizer sua parte, já é, certamente, um grande começo.