quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Prêmio FEUC divulga resultado final da edição de 2014

Prêmio FEUC divulga resultado final da edição de 2014

Na categoria Aluno da FEUC, vencedores são da Pós de Literatura e das graduações de Pedagogia e Letras; na Âmbito Nacional, os premiados são do Rio, de Pernambuco e da Bahia

Da redaçãoemfoco@feuc.br
Os alunos Júlio Correia, da Pós-Graduação em Literatura; Helton Tinoco, de Pedagogia; e Suely Resende Oliveira (Gui Soarrê), de Letras, são os vencedores da edição de 2014 do Prêmio FEUC de Literatura na categoria Aluno da FEUC, respectivamente em 1º, 2º e 3º lugares.
Na Âmbito Nacional, a primeiríssima colocação coube a um campograndense ilustre: o professor e ex-deputado Alcir Pimenta. Em 2º e 3º lugares, respectivamente, ficaram os concorrentes Manoela Frances, de Pernambuco; e Weslley Moreira de Almeida, da Bahia.
O Prêmio FEUC de Literatura 2014 recebeu um total de 571 poemas, sendo 37 de alunos da FEUC e 534 de participantes na categoria Âmbito Nacional.
Coordenador do concurso, ao lado de Rita Gemino, o poeta Américo Mano festejou a extrema qualidade das obras inscritas: “Parabéns a todos os participantes. O talento, a emoção e a criatividade de vocês constituem o verdadeiro troféu deste concurso, que se vê agraciado pela qualidade dos seus trabalhos”, disse ele, acrescentando que, ao ler  o poema do professor Alcir, de imediato se encantou e percebeu que ele poderia ser um dos vencedores. “O professor Alcir Pimenta é um dos mais ilustres moradores de nossa região. Ele já participou algumas vezes do Prêmio FEUC de Literatura. Foi vencedor há alguns anos na modalidade conto. Também já foi premiado com a 3ª colocação em poesia”.
Os vencedores serão informados diretamente pelos coordenadores sobre a data e a forma de recebimento dos prêmios de R$ 500 (1º lugar), R$ 350 (2º lugar) e R$ 250 (3º lugar), uma vez que não haverá cerimônia de premiação.
Conheça os poemas:

CATEGORIA ALUNO DA FEUC


     1º lugar: Júlio Correia (Pós-Graduação em Literatura)

SUPER-HERÓI EM QUADRINHOS

Reconto os azulejos do banheiro
Perco a conta das gotas
que nascem da torneira prateada
Minhas ideias se confundem
com as idas e vindas das formigas negras
que esbarram nos meus pés
A toalha esticada sobre o basculante
o sabonete amarelo
o papel higiênico
o chuveiro elétrico
Sou a única peça estranha
no quadrado pintado de salmão
A porta não está trancada
mas tenho medo de girar a maçaneta
Deito no chão frio
Abraço o vazio
Beijo a pedra marrom
Sou flor só na pintura
Sou eu só por dentro
Sou super-herói só em quadrinhos.

2º lugar: Helton Tinoco (Pedagogia)

RADIOGRAFIA

Bicho-homem, difuso, re-cheio de desejos.
Olho-te de fora como se eu fosse uma estrela.
Olho-te por dentro como se eu fosse uma veia.
Bicho, homem repleto de certezas e ilusões.
Olho-te para além dos olhos com compaixão.
Atravesso membranas, egos, ecos, elos, ímã.
Bicho, homem, triste, gente, carne da alegria.
Bicho-homem, eu vim te ver. Conhecer-te. Amar-te!
Vim como você, nu!
Quase sem limites. Como tu. Sem tirar nem pôr. Vim assim.
Sem temor! Sem morte! Sem sentir nada. Frio. Seco.
Bicho da terra, homem do barro, de eternos brados.
Vim ver-te. Verter meu dom. Vasculhar-te profundo.
Enraizar minhas próprias dores.
Conhecer-te, sendo tu. De carne e osso…
De mil amores, vim “ser-te” agora, hoje, sempre!
Exatamente igual, seu pai, seu filho.
Vim roubar-te o espírito e mostrá-lo às aves.
Vim amar-te e pousar sob o teu coração, tocar-lhe a mão.
Pegar os pesos dos sonhos, os sons de instrumentos.
Dizer-te palavras e desnudar-te a alma.
Vim ser poeta.
Inventar almas, vivas e mortas.
Reinventar a vida numa rima explícita.
Fazer coloridos, criar lágrimas e dar alegrias.
Vim ser artista com acento agudo.
Vim ser apenas uma radiografia que revela o cálcio,
Mas deixa passar o espírito!

3º lugar: Gui Soarrê (Letras)

É

 Entre o desespero e o grito
Convivem em afinado desacordo
O mudo discurso caduco,
A eloquência do destempero
E um rosilho que escoiceia
Entre as lâminas de dois punhais.
Certa vez me contaram
Que os duelos sangrentos se dão
No caminho sem curvas,
Entre a pele e o coração.
Hoje eu sei.

CATEGORIA ÂMBITO NACIONAL


1º lugar: Alcir Pimenta, Rio de Janeiro

UM VERSO DE BANDEIRA

Segue comigo pela vida afora
Uma dor tão grande, tanta tristura,
Que sempre temo nunca vá embora,
Transformando-se em perene amargura.
Lembra-me, então, um verso de Bandeira:
“Só a dor enobrece e é grande e é pura,”
O que parece colossal asneira
Do bardo sempre ao pé da sepultura.
Por que vamos amar um mal sem cura,
Se o mundo não tolera choradeira,
Antes sendo feliz que sofredor?
Quem pensa seja, pois, esse Bandeira:
Um simples vate da fama à procura,
Ou de Cristo na terra sucessor?

2º lugar: Manoela Frances (Pernambuco)

EJACULE!

Você não suporta
Quando eu abro a porta
Da sua devassidão
Quando eu tiro a máscara
Que cobre a sua pele áspera
E repleta de simulação
Você me julga
Você me culpa
Mas nunca soube responder
A razão da sua ira
O motivo de eu estar na mira
Da sua constante necessidade de ofender
Mas nada disso realmente importa
Já que eu ainda não estou morta
E sou peça principal nessa perturbação
Porém, por favor, não se anule
Respire fundo e ejacule
A dor de toda essa frustração.

3º lugar: Weslley Moreira de Almeida (Bahia)

DO LUTO DAS PEQUENAS COISAS

Visto preto
em
funerais de pequenas coisas.
Perco um poema e me entristeço
por uma semana
e alguns versos.
Assassinei, distraído, uma formiga.
Taciturnei-me
minúsculo
por grandes instantes.
Quando descompassei numa dança
deixei
    desequilibrado
                        o sorriso.
Agora mesmo
valoro o ínfimo
por colossais importâncias.
E lagrimo
de mínimas gotas
todas
enchentes
          de risos.

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