segunda-feira, 2 de junho de 2014

MAIS UM BELO REGISTRO FEITO PELA REVISTA FEUC EM FOCO SOBRE A XXIII SEMANA DE LETRAS DAS FIC

XXIII Semana de Letras inicia com poesia, apresentação de trabalhos e debates


Programação conta com mais de 50 atividades distribuídas durante os três dias do evento, que acontece até sexta-feira (23)
Por Gian Cornachini
emfoco@feuc.br
A XXIII Semana de Letras das FIC começou nesta quarta-feira, trazendo 50 atividades espalhadas por diversos espaços da FEUC. Os temas são variados, mas o fio condutor central desta edição é “Discurso e intertextualidade: caminhos e descaminhos do dizer”. A expectativa é de que o evento, que vai até a sexta-feira, dia 23, movimente mais de 400 pessoas durante a programação, que conta com palestras de professores da casa e externos, cine-debates, saraus musicais, exposições de trabalhos dos estudantes, entre outras atividades.
Estudantes fazem o credenciamento no evento para participar das dezenas de atividades programadas. (Foto: Gian Cornachini)
Estudantes fazem o credenciamento no evento para participar das dezenas de atividades programadas.
(Foto: Gian Cornachini)
Manhã de poesia
Para começar a semana de forma agradável, uma das primeiras atividades marcadas foi “Momentos, Leituras, Releituras, Traduções de Sentimentos…”, conduzida pelo professor Mauro Ferreira de Oliveira e pela estudante do curso de Letras Priscila da Silva Lima. A dupla apresentou poesias e músicas, e fez uma análise dos sentidos e sensações desdobradas a partir daqueles textos.
Professor Mauro e a aluna Priscila discutem o universo da poesia. (Foto: Gian Cornachini)
Professor Mauro e a aluna Priscila discutem o universo da poesia. (Foto: Gian Cornachini)
Em uma de suas falas, Priscila valorizou o uso de palavras inseridas em um determinado contexto, indicando que frases completas promovem ações prazerosas: “Quando digo ‘amo’, a gente sabe o que significa essa palavra, mas ela não representa muito. Mas quando digo ‘eu te amo’, além de te fazer feliz, você acaba fazendo o dia de outra pessoa feliz”, valorizou a estudante.
Mauro destacou que, para um poeta, existe uma maneira de não morrer: “Carlos Drummond não morreu, Machado de Assis não morreu. O homem descobriu uma maneira de sobreviver: através da arte”, observou o professor. “Toda vez que houver sentimento, vida, a poesia estará presente. E nós agradecemos, porque poesia é vida”, concluiu ele.
Apresentação de trabalhos
Filipe: "Os conceitos de morfologia são muito diluídos nesses livros didáticos". (Foto: Gian Cornachini)
Filipe: “Os conceitos de morfologia são muito diluídos nesses livros didáticos”. (Foto: Gian Cornachini)
A manhã de abertura da Semana de Letras também deu oportunidade para estudantes apresentarem seus trabalhos desenvolvidos em sala de aula. A professora Arlene da Fonseca Figueira, coordenadora dos cursos de Letras, esteve tutoriando a atividade “Discurso e intertextualidade: confronto entre os conceitos postulados pela Gramática Normativa e as propostas dos livros didáticos de Língua Portuguesa”. Alunos do 3° período do curso desenvolveram trabalhos em cima do tema que, segundo Arlene, é preciso ser debatido: “Os livros didáticos têm uma linguagem que não se aproxima muito dos estudantes. E você não matricula um aluno em uma escola sem antes gastar mais de R$ 1,5 mil com esses materiais, que são sempre os das mesmas editoras favorecidas em cartéis da educação”, lamenta Arlene.
Poema de Filipe Santos de Carvalho, estudante do 3º período de Letras/Inglês
Poema de Filipe Santos de Carvalho, estudante do 3º período de Letras/Inglês
O aluno Filipe Santos de Carvalho, do curso de Inglês, apresentou um estudo que demonstrava o confronto que há entre a Gramática Normativa e a Gramática Básica do livro didático. “Nós escolhemos um livro didático e fomos na Gramática Normativa para ver como os conceitos de morfologia são muito diluídos nesses livros didáticos, dando a impressão de que é só aquilo que existe”, explicou Filipe.
Em seguida, o estudante apresentou um poema que escreveu especialmente para seu trabalho (leia o texto na imagem ao lado). A mensagem central é de que o professor tem capacidade de ensinar de uma maneira diferente aquilo que é difícil. Para isso, basta ter criatividade.
A estudante Maria Teles, do 1° período de Espanhol, assistiu à apresentação do trabalho e refutou a teoria de Filipe: “É preciso ver em que escola você vai dar essa aula diferente, porque há lugares que não deixam fazer isso. Como é que vou dar uma aula em uma escola que não quer que o professor seja dinâmico?”, questionou Maria.
A resposta de sua dúvida veio em dose dupla. Filipe lamentou que é muito chato trabalhar em um lugar em que as pessoas não deixam você ir mais além: “Mas você ainda tem que achar uma maneira de cativar o seu aluno, por mais que não deixem você fazer seu trabalho como quer”, insistiu o estudante. Já a professora Arlene fez uma observação mais profunda, relembrando atitudes próprias durante seu percurso profissional na rede pública de ensino: “Eu tinha que pagar minhas contas, então entrei em uma escola que acabei vendo depois que não tinha meu perfil. Não dava mais para eu ficar lá, pois não conseguia fazer um bom trabalho. Resolvi pegar meu currículo e procurar outras escolas, me apresentar para coordenadores e dizer quais eram minhas propostas. E isso foi muito bom!”, contou ela. “Vocês têm que ter essa coragem, porque há lugares que são tão fechados que não dá para transpor barreiras. E aprender e ensinar são atos de amor, de carinho, que envolvem o riso, a gargalhada”, ressaltou a professora.
Arlene: "Aprender e ensinar são atos de amor, de carinho, que envolvem o riso, a gargalhada". (Foto: Gian Cornachini)
Arlene: “Aprender e ensinar são atos de amor, de carinho, que envolvem o riso, a gargalhada”.
(Foto: Gian Cornachini)
Sobre a XXIII Semana de Letras
Arlene, que além de coordenadora dos cursos de Letras é, também, Diretora de Ensino da FEUC, explicou a proposta desta edição da Semana de Letras e apontou suas expectavas para o evento. A professora espera que mais de 400 pessoas estejam envolvidas, de alguma maneira, com esse evento tradicional da instituição, que tem como objetivo este ano fazer o público pensar acerca dos discursos e ideologias por trás das falas: “Os alunos precisam refletir os discursos e as forças ideológicas que vendem muitas ideias e conceitos comprados por todos nós. Sendo mais críticos, os estudantes conseguirão conhecer os caminhos e descaminhos desses discursos”, explicou Arlene. “Por isso, espero que eles saiam daqui com uma pulga atrás da orelha em relação a tudo aquilo que é dito pela mídia, pelo poder e por nós, porque não há um dizer neutro. Todo dizer é cheio de significados”, finalizou.

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