terça-feira, 22 de outubro de 2013

Dica Cultural: Peça teatral "Simplesmente eu, Clarice Lispector"

Simplesmente eu, Clarice Lispector 
Média: 3.5 3.5

Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos
Tempo de Duração: 60 minutos
O Globo Indica: SIM

Texto: Clarice Lispector
Adaptação e direção: Beth Goulart
Supervisão: Amir Haddad
Elenco: Beth Goulart

São Conrado
Teatro Fashion MallAté 22 dez 2013
sex e sáb 21:30 | dom 20:00
R$ 60.00 (sex); R$ 70.00 (sáb e dom)

Sinopse

O monólogo conta a trajetória de Clarice Lispector  e procura colocar em cena o universo da escritora. Para isso, parte de depoimentos, entrevistas e correspondências, além de se utilizar de trechos dos livros "Perto do coração selvagem" e "Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres", e dos contos "Amor" e "Perdoando Deus".


Prestes a completar 5 anos em cartaz, Beth Goulart fala sobre o sucesso da peça "Simplesmente eu, Clarice Lispector"
Quando subir ao palco do Teatro Fashion Mall no próximo dia 19 de julho, a atriz Beth Goulart vai completar cinco anos de “Simplesmente eu, Clarice Lispector”. Com mais de 700 mil espectadores na bagagem, o espetáculo, que ela define como híbrido, está a caminho dos sete dígitos: a temporada foi prorrogada até dezembro.

— Dá tanto orgulho ver um filho como esse, que cresceu bem e bonito e ainda faz gols. É o meu olhar sobre Clarice. Para mim, interpretar é me igualar. Eu não me nego, eu me afirmo junto com ela — analisa Beth.

Concebida pela atriz, a peça é resultado de um intenso trabalho de pesquisa em cima de textos e correspondências da escritora, que durou cerca de dois anos antes da estreia, em Brasília, em 2008.

— Ela sempre foi a minha autora de cabeceira. Me alimentei de tudo que encontrei. A última entrevista que ela concedeu à TV Cultura, pouco antes de morrer, foi importante, o áudio de seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som, também. Ali, pude perceber o tempo dela de pensar e se expressar, a voz — conta ela sobre sua composição.

A experiência, descrita como transcendental por Beth, modificou para sempre a vida da atriz.

— Clarice leva a gente a compreender melhor o outro, a ser solidário. Ela pode ser interpretada de várias formas. Devolvo no palco minha visão dela como mulher, mãe, criadora e leitora. É uma jornada de autoconhecimento. A experiência coletiva, com a plateia, leva a isso. Acho que vem daí o sucesso. Mexe com as pessoas — avalia ela.

(por Guilherme Scarpa)


barbara heliodora 
o globo | 11:52h | 19.jun.2013 
O requinte da simplicidade
A obrade ClariceLispector tem sido motivo para vários espetáculos (quase todos monólogos), mas “Simplesmente eu. Clarice Lispector”, de Beth Goulart, em cartaz no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), encontrou um caminho que o distingue de seus antecessores: trabalhando tanto com a obra da escritora quanto com sua biografia e informações obtidas daqueles que de perto a conheceram, a atriz (agora também autora e diretora) criou um texto que — cenicamente, é claro — é dito pela própria Clarice, seja em sua própria pessoa, em entrevistas e cartas, seja como intérprete pessoal dos personagens que criou. 

A fim de alcançar seu objetivo, Beth Goulart não só costurou com muita habilidade os depoimentos e as citações, compondo uma espéciede ampla revelaçãode vida e processo criativo, como trabalhou, com visagismo e figurinos, a figurada escritora, seu porte e seu gestual (elaborados por Márcia Rubin). Mais ainda, foi adotado o pessoal modo de falar de Clarice, justificando plenamente assim o título do espetáculo. 

A seleção dos textos literários foi cuidadosa, toda ela pensada em termos desse objetivo de dar vida à imagem da escritora, com atenção para aqueles que melhor parecem ilustrar o que ela diz de sua obra quando fala em sua própria pessoa. Um trabalho exemplar. 

O requinte da simplicidade
A encenação tem o mérito de ilustrar o quanto seria requintado um “simplesmente” de Clarice Lispector. O cenário de Ronald Teixeira e Leobruno Gama — uma circular cortina de tiras brancas (com o brilho do plástico), um piso claro — abriga poucos elementos de mobiliário, todos com as linhas dos anos 1950 ou 60, e revive a época do grande florescimento da escritora. E, com o mesmo objetivo, os irretocáveis figurinos de Beth Filipecki, trocados e alterados com grande facilidade, evocam-lhe a discrição e a elegância.

A luz de Maneco Quinderé é de primeiríssima qualidade, completando a cenografia com toda a variedade de luminosidade, sombra e clima que seriam necessários. Consta no programa que a direção de Beth Goulart teve a supervisão de Amir Haddad, porém este deve ter encontrado bem pouco para alterar em um projeto que em tudo e por tudo expressa a paixão e o trabalho da pesquisadora/autora/diretora/ atriz, que a cada trabalho vem mostrando maior aprimoramento, que rende atuações de primeira ordem.

“Simplesmente eu. Clarice Lispector” é um espetáculo e uma atuação dos melhores que a cidade tem visto nos últimos tempos.
 

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