domingo, 27 de novembro de 2016

Kalleb Alves de Melo, Aluno das FIC/RJ, escreve final alternativo para o Conto de Lygia F. Telles

FINAL ALTERNATIVO PARA O CONTO "VENHA VER O PÔR-DO-SOL", DE LYGIA FAGUNDES TELLES

1º PERÍODO DO CURSO DE GRADUAÇÃO 
EM LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS - MANHÃ
                                                            Metamorfose
KALLEB ALVES DE MELO


Dado uns dez minutos que estava presa naquele mórbido lugar, Raquel se acalmou ao ver o pôr-do-sol que Ricardo falara. Admitiu que era mesmo bonito, porém parece que ao ver aquele feixe de luz, que poderia ser o último de sua vida, ela lembrou-se de sua infância, de seu pai, que era um curioso da vida, e tudo o que via queria saber como funcionava, por conta disso sabia muito sobre várias coisas e assim passou boa parte de seu conhecimento para a filha, que muito jovem não deu muita importância mas mesmo assim acabou aprendendo algumas coisas. Raquel se perguntava o que seu pai faria, até que se lembrou, pois foi uma das poucas vezes que prestara atenção, que uma vez ele desmontou e remontou uma fechadura para saber como funcionava, juntos descobriram como se abria um fechadura sem chave, neste momento correu uma lágrima pelo seu rosto, ao lembrar que aquela fora uma das poucas vezes em que dera atenção ao seu falecido pai. Limpando o rosto e com ânsia de sobreviver ela mexe no cabelo e tira um grampo, vai até a fechadura e com muita dificuldade começa a mexer nela na esperança de que conseguisse a sua liberdade. A luz já era bem pouca na sala em que estava, a ansiedade em abrir a fechadura a consumia e não a fazia ter calma para abrir a fechadura, com as mãos suadas e trêmulas, por um descuido deixa o grampo cair, nesse momento dá um grito seco de desespero vendo que sua chave de liberdade poderia ser perdida em meio aquela escuridão mortal que a cercava, ao ver que o grampo caíra a uma distancia que seu braço alcançava, soltou um breve e baixo.
- Graças a Deus
Esticou o braço até o grampo e com mais cuidado o trouxe para perto. Deu um tempo a si para pensar, organizar as ideias e se acalmar, olhando a bolsa viu que havia um pequeno espelho que poderia usar para ver o buraco da fechadura e assim poder abri-la mais facilmente.
Determinada foi até a portinhola e começou a sua luta contra a morte, segurou o espelho com uma mão e o grampo com a outra, e com o resto de luz que ainda havia no local, foi guiando-se até que, click, a fechadura abriu, nesse momento sentiu-se mais viva como nunca tinha sentido antes, pegou suas coisas e saiu correndo daquele lugar, ela não conseguia pensar em nada, só o extinto a guiava, chegando às portas do jazigo, ela as abriu e começou correr em direção a entrada, chegando lá, arrumou-se, pôs os sapatos que em suas mãos estavam e com a maior calma que conseguiu reunir em si, desceu a rua a procura de um táxi que a levasse para um lugar seguro. Assim que chegou ao fim da ladeira vinha um táxi, ela fez o sinal e entrou no carro.
- Para onde senhora?
- Para este endereço.
Entregou-lhe um papel que continha o endereço da casa do namorado e imediatamente voltou a si dando-se conta do todo ocorrido, pôs-se as lágrimas e soluçava, não conseguia conter a raiva, o desespero, o medo, tantas emoções que juntas resultavam no choro que ora era de alegria ora tristeza. Incomodado com a situação o motorista pergunta:
- O que houve dona?
- Não foi nada, só algumas decepções da vida, – sentindo-se confiante e fechando o punho o mais forte que podia completou – que logo se resolverão.
Sem entender muito, o motorista resolveu continuar seu trabalho. Chegando ao destino ela o pagou, agradeceu e saiu correndo de encontro ao seu amado, ao qual contou tudo. Logo ele ligou para polícia se identificando, pediu que uma viatura viesse até sua casa para que ela pudesse dar o depoimento. Por ter tamanha influência na sociedade, conseguiu com que a justiça fosse feita e Raquel foi ouvida, a polícia imediatamente iniciou uma investigação, descobriram que Ricardo premeditara aquele ato, em sua casa encontraram fotos e mais fotos de Raquel, ele era um total obcecado por ela que pensava que se ele não a podia ter, ninguém mais poderia. Levado a justiça Ricardo foi preso pelos atos que cometeu.
Desde então Raquel nunca mais foi a mesma, por causa do que lhe ocorrera, ela mudou seu jeito de ser, sendo uma pessoa melhor do que era antes.

Ricardo em sua cela tinha o pensamento fixo em Raquel, como não podia tê-la consigo, resolveu que era ele quem deveria decidir por sua vida e não a justiça, ele quebrou o espelho que estava em sua cela, pegou uma parte grande na forma de um triangulo e sem nenhum medo feriu o próprio pescoço, não gritou, não fez nada, apenas ficou parado olhando o chão da cela ser pintado de vermelho, até que perdeu os sentidos e tornou-se parte daquele quadro escarlate que se formara no chão.

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